Os muitos golos de Modeste têm sido um dos temas quentes desta edição da Bundesliga. Um francês que até agora vinha passando pelos pingos da chuva, acaba por estar também à espreita da Bota de Ouro. À beira de fazer 29 anos, segue entre Aubameyang e Lewandowski, na melhor forma da sua carreira. Para Modeste, vestir a camisola do Colónia tem funcionado como um incentivo para chegar a estas marcas estratosféricas.
Flop em Inglaterra, questionado em França, goleador na Alemanha e pretendido pela China. Nos últimos tempos, têm sido estas as diferentes perspectivas acerca de Anthony Modeste. Até há cerca de duas temporadas, o avançado gaulês vinha passando meio que despercebido aos olhos do comum adepto. No entanto, a chegada a Colónia para jogar no maior clube da cidade acabou por mudar tudo o que se pensava dele.
Foi uma carreira de altos e baixos até chegar a este ponto. Depois de fazer finalizar a formação nas escolinhas do Nice, o clube da Riviera emprestou-o por uma temporada ao Angers, onde começou a ganhar visibilidade. Os 20 golos em 37 jogos na segunda liga francesa chamaram a atenção do Bordéus, que desembolsou 3,7M€ para a sua contratação. Nos girondins demorou a afirmar-se e foi emprestado por duas vezes. A experiência em terras de Sua Majestade não correu nada bem. Nove jogos na Premier League e um total acumulado de zero golos pelo Blackburn, valeram-lhe o rótulo de flop. No segundo empréstimo, acabou por fazer 15 golos em 36 jogos com a camisola do Bastia.
Esta marca levou-o à Alemanha. Depois de dois anos a representar o Hoffenheim com alguns golos à mistura, Colónia foi a cidade seguinte. E foi exatamente nos Billy Goats que deu a conhecer todo o seu poderio. Talvez como uma espécie de premonição, o primeiro golo com a camisola do Colónia demorou 45 segundos a chegar, numa partida da taça alemã. A partir passou a aplicar-se a máxima do nosso pensador madeirense – foi como o ketchup.
O golo típico de Modeste é um golo fácil. Normalmente um toquezinho chega. Característica de um autêntico matador e de um jogador muito auto-sustentável. Dos 37 golos do Colónia na liga, 22 são do avançado gaulês, o que significa que 60% dos golos são seus. Um dado que fala por si. Outra marca também bastante interessante é a sua eficácia. Para fazer golo, precisa de menos tentativas que Lewa e Auba. Para chegar à marca de 22 que carrega no momento, necessitou apenas de 74 ocasiões. Como referência de comparação, Aubameyang dispôs de 84 e Lewandowski de 100.
Considerando apenas a variável do impacto que tem na equipa, Modeste está bastante à frente dos outros dois. Com 25 jornadas já jogadas, o francês segue na roda de Lewandowski e Aubameyang, na luta pelo desejado Torjägerkanone. Esta época têm sido batidos recordes na Bundesliga neste sentido. Até à data, a liga nunca havia visto três jogadores com mais de 20 golos à 25ª jornada.
Os que defendem que Modeste deve estar na seleção nacional usam de um argumento poderoso. Afirmam que o francês é melhor que Aubameyang e Lewandowski. A razão é simples. O gabonês e o polaco têm uma equipa recheada de estrelas, com companheiros de classe mundial que lhes fazem chegar excelentes bolas. Com Modeste isso não acontece. O Colónia é uma equipa de meio de tabela, que o francês está a colocar na luta pelos lugares europeus, aos quais não chega desde a época de 92/93. Apesar disto, entrar para as contas para a frente de ataque gaulesa não é pêra doce. Por entre os elegíveis para aquela posição estão nomes com Griezmann, Gameiro, Giroud, Lacazette, Moussa Dembelé e Gignac.
Na luta pela Bota de Ouro, o dianteiro segue em 5º – a par de Belotti, que é outro caso semelhante. Sempre atenta ao que se passa no futebol ocidental, a China já acenou com muitas notinhas. Modeste vive agora o melhor momento da carreira mas também o mais decisivo visto que está perto de fazer 29 anos. Entre ir para a China para ter uma reforma descansada, tentar os altos voos europeus ou ficar em Colónia, tudo é opção para Anthony Modeste.