A segunda etapa do Mundial de Triatlo foi disputada na Gold Coast australiana, na distância de sprint (750 metros a nadar, 20 km a pedalar e 5 km a correr). Apesar desta ter sido apenas a 2ª de 9 provas, no sector feminino já se regista uma tendência
A Austrália foi o segundo dos 9 palcos por onde passará o Mundial de Triatlo 2017. Depois da etapa de Abu Dhabi ter consagrado Javier Gomez e Andrea Hewitt como grandes vencedores, a etapa de Gold Coast tinha a particularidade de ser disputada na vertente de sprint, o que favorece tritaletas como Richard Murray e desfavorece outros, como o próprio Gomez.
Portugal apenas se fez representar com um triatleta: João Silva.
2 em 2 para Hewitt
A neozelandeza está a fazer um início de época fantástico e, este ano, o circuito mundial ainda não conheceu outra vencedora que não Andrea Hewitt.
Até este ano, Hewitt apenas tinha vencido uma etapa do Mundial na sua carreira e tinha sido em 2011, em Auckland. Com estas duas vitórias consecutivas, está provado que estamos perante uma nova e renovada Andrea Hewitt.
À semelhança de Abu Dhabi, esta etapa voltou a não contar com muitos nomes capazes de disputar a vitória, como a campeã olímpica Gwen Jorgensen e a campeã mundial Flora Duffy, que continua a não defender o seu título.
Também a vencedora do ano passado, a britânica Helen Jenkins, não esteve presente e assim, das quatro primeiras classificadas do ano passado (Jenkins, Jorgensen, Hewitt e Duffy), apenas a neozelandeza estava presente, tornando-a na principal favorita.
No entanto, no ano passado esta etapa disputou-se em distância olímpica, o que poderia aumentar as hipóteses de outras triatletas para este ano que se competia na distância de sprint.
Sendo 1,5 km ou 750 metros a nadar, a história do segmento da natação nas provas internacionais é sempre a mesma. A espanhola Carolina Routier vai sempre sair em primeiro lugar da água e as americanas vêm logo a seguir.
E assim foi, Sarah True e Summer Cook saíram logo depois de Routier, sendo as indicadas para fazer o jogo de equipa no segmento de ciclismo. É que as americanas traziam aqui nada mais, nada menos do que 7 triatletas, sendo que Katie Zaferes era a mais cotada, pelo que seria espectável que as restantes fizessem jogo de equipa para ela.
No entanto (e como é normal nas provas de sprint), praticamente todas as atletas conseguiram seguir no pelotão principal do ciclismo (Sarah True acabou por descolar).
No segmento decisivo, foi a triatleta da casa, Ashleigh Gentle que mais perto esteve de contrariar o favoritismo de Hewitt, mas a neozelandeza levou a melhor, conseguindo até vencer de forma mais confortável do que em Abu Dhabi.
Na classificação do mundial, Andrea Hewitt lidera confortavelmente com 1600 pontos. São mais 462 pontos que a segunda classificada, Katie Zaferes, que nesta etapa foi quarta classificada. A japonesa Ai Ueda fecha o top-3.
Mola volta a vencer na Gold Coast
Mário Mola é campeão do mundo em título e no circuito do ano passado cimentou a sua vitória final no sucesso das primeiras etapas. O ano passado (como Hewitt este ano) venceu as duas primeiras etapas, mas este ano não foi tão feliz em Abu Dhabi, tendo-se classificado em 8º.
Em Gold Coast “emendou a mão” e voltou a subir ao lugar mais alto do pódio.
Para a Austrália, a armada espanhola trouxe a sua máxima força com Mola, Gomez e Alarza que podiam muito bem fazer o pleno no pódio, mas antes tinham de eliminar uma verdadeira pedra no sapato: Richard Murray.
O sul-africano é um adversário temível em qualquer distância, mas na vertente de sprint torna-se ainda mais perigoso.
Tendo isso em conta, o companheiro de selecção de Murray, e bronze olímpico, Henri Schoeman imprimiu desde logo o ritmo no segmento de natação. O problema é que se a natação é de longe o pior segmento dos espanhóis (exceptuando Javier Gomez que não tem segmentos maus…nem transições más), também é o pior de Richard Murray.
Schoeman foi assim o primeiro a sair da água, com Gomez a sair 7 segundos depois, com Murray a 22 segundos de distância e com Mola e Alarza a saírem 6 segundos depois de Murray.
Apesar do esforço de Schoeman, tal como nas senhoras, o pelotão seguiu compacto e sem cortar os favoritos para um segundo grupo. Infelizmente cortou João Silva, o nosso único representante, que integrou um grupo de quatro e hipotecou aí as suas aspirações a uma boa classificação.
Com a decisão da prova a encaminhar-se para o sector de corrida, os quatro favoritos começavam a medir-se. Em teoria, Fernando Alarza seria o menos favorito, Murray tem sido aquele que se tem exibido em melhor nível na corrida, Gomez o que mais vezes se superiorizou aos demais na corrida e sobre Mola recaíam as maiores dúvidas, dado que ainda não se tinha mostrado ao seu melhor nível esta época.
A dúvida consubstanciou-se em certeza e de uma forma que para muitos, certamente, configurou surpresa. Mário Mola impôs-se na corrida como poucas vezes vimos, tendo em conta os contendores.
O espanhol, de 27 anos, superou o sul-africano no sprint final, vencendo com 4 segundos de avanço. Fernando Alarza completou o pódio, superando um Gomez que, apesar da vitória em Abu Dhabi, ainda está em subida de forma depois da lesão contraída em Julho do ano passado.
Nas contas de um mundial que ainda não viu estrear os irmãos Brownlee, a disputa está mais renhida que no lado feminino, com Gomez a contabilizar 1433. Richard Murray subiu três posições e é agora segundo classificado com 1326 pontos. Alarza é terceiro, com 1318.
Com esta vitória, Mário Mola ascendeu à quarta posição, subindo quatro lugares. Apesar de não ter participado nesta etapa, João Pereira continua a figurar no top-10, fechando-o, precisamente. Recordamos que para a classificação final contam as 5 melhores classificações nas 8 etapas da ITU World Triathlon Series, mais a Grande Final.
O mundial continua em Yokohama nos dias 13 e 14 de Maio, sendo a última das três etapas da fase Ásia/Oceania, seguindo depois para as duas etapas europeias (este ano, a final é em Roterdão, pelo que as três etapas europeias são descontinuadas).