3ª bola rápida e última onde a Portuguesa se fez ouvir no final… uma vitória por 12-07 deu o título de campeões da Europa de sub-20 aos comandados de Luís Pissarra. Sem sofrimento defensivo, mas com muita expectativa atacante. A análise do Fair Play aos novos senhores da Europa
Campeões, Campeões, Nós Somos Campeões foram os gritos que se fizeram ouvir no final do jogo frente à Espanha no Campeonato da Europa de sub-20 realizado na Roménia.
Portugal teve um jogo quase sempre com a oval em mãos mas pecou na hora de marcar pontos.
No final, os Lobos sorriram com um 12-07 e o caneco é português. Aqui fica a análise à 3ª vitória consecutiva a Portugal.
DEFENDER, PLACAR E DISPONIBILIZAR- 7 PONTOS
Mais uma vez Portugal foi resistente na hora de defender, expondo poucos erros na sua linha, o que tornou quase impossível a missão da Espanha em marcar pontos.
Desde o 1º jogo do Europeu que Portugal tem dominado neste aspecto, com as placagens de qualidade que obrigavam aos atacantes recuar e a voltar a sair, mas agora de forma atabalhoada.
Num jogo mais complicado que o da Roménia em termos de parar o adversário no sítio, já que a Espanha trabalhava com excelência na hora de correr em direcção da bola e a trabalhar as “pernas” no contacto.
Valeram as placagens de Duarte Costa e Campos, João Granate (surpreendeu no Europeu com a sua capacidade de placar e disponibilizar no momento seguinte), Vasco Ribeiro (13 placagens no total), Martim Cardoso ou David Wallis (Europeu de alto nivel do asa do CF “Os Belenenses”).
A comunicação defensiva foi exemplar, com a linha a trabalhar bem em equipa e a tentar eliminar oportunidades na Espanha entre os últimos 5 metros nas alas, um problema que surgiu no jogo frente à Roménia e bem resolvido contra a Espanha.
Portugal ganhou não só porque defendeu bem, como geriu melhor a bola e teve espírito de sacrifício em vários momentos-chave.
DOMINAR: ALGO TÃO RARO- 7 PONTOS
Dominar… quantas vezes é que isto se pode dizer de uma equipa portuguesa a este nível? Portugal pôs a Espanha a defender durante 55 minutos (não estamos a contar com paragens) e pelo menos 25 foram passados nos últimos 30 metros dos Leões.
Os Lobos sabiam o que queriam do jogo desde o 1º minuto… ganhar. A confiança estava no ponto, havia fé na equipa e uma sintonia quase inabalável.
Um cruzamento interessante de gerações (jogadores como o João Fezas Vital, os gémeos Costa e Campos, entre outros conquistam lugares em pódios de forma consecutiva) que está a trabalhar no seu máximo.
Note-se que nas formações ordenadas só cometemos duas penalidades e conquistámos duas dos espanhóis, conseguíamos “quebrar” com o, supostamente, espectacular maul dinâmico espanhol e tomámos controlo do nosso destino.
É agora aproveitar estas gerações para o que vem a seguir, este tipo de mentalidade é diferente que gosta de jogar no “risco”, que gosta de partir para cima do adversário e tentar “roubar” a bola no contacto (pormenor de Martim Cardoso na 2ª parte, que opta por ir à bola para “sacar” e conseguiu-o efectivamente).
Portugal está de parabéns nesse sentido e agora pode ser um novo tipo de aurora para o rugby Nacional.
ANDAR PARA A FRENTE É A REGRA – 3 PONTOS
Receber a oval parados representa zero metros e zero oportunidades de ensaio, o que ainda facilita a missão de defender da equipa adversária.
Sempre que Portugal decidiu receber a bola em movimento conseguiram metros. Sempre que Portugal decidiu dar profundidade ao ataque criaram problemas.
Mas estes dois pontos “similares” aconteceram pouco neste encontro, talvez pelo nervosismo e expectativa que os jovens Lobos apresentaram durante longos momentos do jogo.
José Luís Cabral foi sempre uma das principais unidades a saber andar para a frente e a querer ganhar metros (podia ter arriscado um passe depois do contacto ou o offload em algumas entradas).
O bloco de avançados trabalhou bastante bem no chão, mas depois faltava aquela entrada em movimento que poria os jogadores dos Leões espanhóis a andar para trás e a sofrerem um desgaste superior.
PERDULÁRIOS QUANDO NÃO PODÍAMOS SER- -1 PONTO
Deve ter sido das poucas ocasiões que tivemos o belo prazer de ver uma equipa de Portugal a dominar um jogo por completo.
A Espanha criou algumas dificuldades, sim, mas nada de especial… o desespero tomou conta dos nuestros hermanos a partir dos 5 minutos de jogo e nem com três situações em cima da linha ensaio conseguiram marcar os tão desejados pontos.
Mas, Portugal esteve francamente “pior” nessa situação…dispusemos de três formações ordenadas nos últimos 5 metros, de dez rucks a dois metros da linha de ensaio e não soubemos “matar” quando o jogo assim o pedia.
Faltou ter calma, porque o acreditar e o querer estava lá. Paciência faz parte das equipas que sabem ser campeãs a tempo inteiro, de saber decidir da forma certa naquele segundo em que temos de aproveitar.
Teria sido interessante se José Luís Cabral tivesse entrado junto à formação ordenada ou abrir a defesa, com António Vidinha ou Caetano Castelo Branco aparecer nas costas e quebrar a linha da vantagem.
Podemos, devemos e temos de acreditar que somos superiores que os nossos adversários. E no mesmo pensamento temos de ir à linha de ensaio quando se cria a oportunidade.
NOTA FINAL – 16 PONTOS
ASPECTOS POSITIVOS: Espírito de sacrífico, defesa pressionante e agressiva, bom trabalho no breakdown, equilíbrio nas formações ordenadas, oposição eficaz ao maul do adversário, capacidade de acreditar e gestão de bola.
ASPECTOS NEGATIVOS: Ataque pouco profundo, parados na recepção de bola, falha em momentos para “matar” o jogo, maul por vezes desconexo
PORTUGAL: 1 – João Melo; 2 – Nuno Mascarenhas; 3 – José Pimentel; 4 – Rebelo de Andrade; 5 – Manuel Picão; 6 – João Granate; 7 – David Wallis; 8 – Duarte Campos; 9 – Martim Cardoso; 10 – Jorge Abecassis (2); 11 – António Vidinha; 12 – José Luís Cabral (5); 13 – Vasco Ribeiro; 14 – Castelo Branco; 15 – Cardoso Pinto
Suplentes: José Sarmento, Sousa Nardi, Afonso Carreira, Fezas Vital, Manuel Peleteiro, Duarte Azevedo, Pedro Silva, Rodrigo Freudenthal, Francisco Campos, Gonçalo Santos (5) e José Sarmento.